domingo, 6 de abril de 2014

Deus Brut des Flandres

Hoje vamos desmistificar a grande cerveja Deus ! Veja que a expressão "desmistificar" se tornou pejorativa ao longo do tempo, como se fosse desmascarar uma mentira... Aqui não... aqui agente só vai olhar para essa cerveja de maneira mais objetiva e tentar entender se ela vale o preço astronômico pela qual é vendida no Brasil.

Mas antes, tirei do site Brejas a sequência produtiva da mesma:
  • A largada é na Brasserie Boosteels, onde a Deus é fermentada por duas vezes;
  • O líquido é transportado para a região de Champagne, na França (daí o método ser conhecido por champegnoise), onde recebe mais açúcares e fermentos, e é posto para maturar por no mínimo 12 meses em barris de carvalho;
  • A breja é posta em garrafas — por sinal, as mesmas que são usadas no célebre champagne Dom Pérignon, da casa Moët&Chandon – que são submetidas à técnica da remuage, na qual um profissional as gira diariamente, no mesmo sentido, cada vez inclinando um pouco, até ficarem com os gargalos totalmente voltados pra baixo;
  • Após essa fase, congela-se somente os gargalos, nos quais se depositaram os fermentos e demais borras, os quais são expulsos pela própria pressão do líquido;
  • Adiciona-se à garrafa um pouco da cerveja previamente pronta apenas para preencher o espaço vazio resultante da expulsão dos fermentos congelados. Deus está pronta.
Veja, o grande X dessa cerveja é que ela é feita como se fosse uma Champagne. Sobre esse fato, eu tenho alguns comentários: (1) nem todo mundo gosta de Champagne, (2) há mais valor simbólico do que real no processo feito em Champagne (já experimentei espumantes feitos no Brasil os quais fiquei muito feliz com o resultadl) e (3) Quem prefere Ales não vai se importar com tooooda essa história !

Mas exatamente por se tratar de uma lenda no mundo cervejeiro, eu tentarei aqui ser o mais preciso na hora da falar da degustação (eu não consegui achar a composição - qual malte e qual lúpulo - em nenhum lugar).

No copo a cor é amarelo dourado claro. Um pouco mais amarelada que um espumante, e nada turvo. O aroma é frutado, com um fundo doce e um final azedo. Parece muito uma Golden Ale Belga, bem forte (que deve ser a receita base para a confecção. A espuma é de fácil formação, mesmo se servida em uma flauta.

O sabor é nada amargo. O doce característico da escola belga está presente, mas é bem equilibrado (nada enjoativo). O frutado do aroma permanece no after-taste, o que, somado ao doce do sabor principal, traz uma deliciosa lembrança de amora em compotas. Essa parte é realmente sensacional. E para equilibrar tudo, após a compota passar, fica um suave amargor. A carbonetação é média e o sabor residual de alcool é sempre presente (afinal, ela tem 11,5 % de alcool).

Agora, o que todos estavam esperando: vale o preço de R$ 150 (isso mesmo.... cento e cinquenta) a garrafa. A resposta é: Não ! E digo isso por alguns motivos: (1) Ela custa 15 euros na europa, (2) ela é uma cerveja de "nicho"... quem não gosta de Ales Belgas, não vai amar e (3) não sei, até que ponto, o processo todo cheio de "nove horas" realmente faz alguma diferença.

O fato é que essa cerveja é realmente excepcional, e realmente uma das melhores que eu já provei. Mas não tomarei de novo no Brasil.

Sabor: 4
Aspectos Gerais: 4
Custo Benefício: 1 no Brasil e 4 na Europa.

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