sábado, 21 de maio de 2016

Tupiniquim Fancy IPA

Como estava dizendo no post anterior, sobre a Tupiniquim Polimango, sou entusiasta das cervejas nacionais: além da qualidade já está igual (ou ás vezes até superior) que as cervejas importadas, o que é maravilhoso aqui é a originalidade, a experimentação e a imaginação.

A Waybeer, a Bodebrown, a Dorthmund se especializaram em pegar receitas tradicionais e adicionar elementos para "abrasileirar" (no bom sentido - o que ultimamente tem sido difícil de dar a essa expressão) a proposta, o que resultou em vários rótulos célebres e imperdíveis.

A Tupiniquim segue a mesma direção  com a Fancy IPA. Trabalhando em colaboração com a cervejaria mezzo-americana, mezzo-dinamarquesa Evil Twin Brewing, sob a tutela do cervejeiro Jeppe Jarnit-Bjergsø, derivaram uma receita tradicional de American IPA, com lúpulos Centenial e Northen e fizeram Dry-Hopping com Cascade e suco de limão Tahiti (daí o "Fancy").

No copo, a cor é amarela pálida e bem turva (não filtrada). A espuma de é fácil formação e boa persistêncoia.

No nariz, há um aroma cítrico do limão, mas também percebi laranja e um ótimo floral. O sabor tem amargor médio e o retrogosto é equilibrado pelo malte de trigo e pela aveia (sem adicionar o gosto de banana). A aveia também é percebida no primeiro sabor, deixando uma finalização levemente doce e um retrogosto mais suave e arredondado - bem complexo.

No geral, é uma cerveja mais complexa, muito gostosa e bem pensada - ótima para quem quer começar a aprender a sentir novos sabores e aromas. Recomendo!

Sabor: 4
Aspecto Gerais: 3
Custo Benefício: 3

Tupiniquim Polimango

Ufa! Agora que terminei de escrever minha dissertação de mestrado (e deu trabalho heim?) posso voltar a me dedicar a esse espaço, tirar as teias de aranha, dar uma varridinha no chão e continuar com essa atividade deliciosa de escrever sobre Cerveja!

Nesse meio tempo que passei sem escrever aqui, tenho percebido duas coisas importantes sobre o mercado cervejeiro brasileiro:


  1. Há tantas (ou mais opções) boas de cervejas nacionais quanto as importantes. A cada semana que vou ao supermercado, há uma nova opção de aqui perto (Rio Claro, SP) esperando para ser experimentada. Até a AmBev nesse período lançou finalmente algumas opções "puro-malte" (a linha nova da Bhrama Extra) e comprou a Wälls, de olho nessa parcela do mercado em crescimento;
  2. O preço da cerveja nacional SUBIU MUITO! Esses dias queria beber uma Porter a única opção no supermercado era a Demoiselle, da Colorado (que eu adoro). O prolema é que ela custou R$ 19,00, enquanto a London Pride estava (minha cerveja preferida em todo o mundo) estava R$23. Detalhe - essa última é importada da Inglaterra enquanto a primeira é feita "aqui" em Ribeirão Preto. Reconheço que os maltes e lúpulos são importados, e que os impostos subiram descaradamente, mas... tá ficando difícil.
Porém, eu continuo ENTUSIASTA das cervejas nacionais (apesar de ainda não ter encontrado uma melhor que a London Pride). Por isso, esse e o próximo post serão sobre rótulos de uma cervejaria nacional, a Tupiniquim, de Porto Alegre - RS.

O rótulo Polimango é uma Double IPA, criada em colaboração com a cervejaria sueca Omnipollo. Leva em sua composição malte de trigo (o que não é comum em uma IPA), aveia em flocos, farinha de polenta e os lúpulos Columbus, Centennial e Mosaic. 

No copo a cor é amarela pálida e fosca, muito perecido com as Witbeers, devido ao malte de trigo. A espuma de fácil formação e bem pertinente.

No nariz, há um aroma lupulado com um floral muito bom - notas de manjericão e um fundo levemente doce. Na boca, o sabor tem um bom amargor, com o retrogosto suave e pouco seco. Esse retrogosto é o "abrasileiramento" da escola americana. Mesmo assim, o drinkability é médio - uma vez que ela é uma Double IPA. A carbonetação é média e o álcool, que, apesar de ser mediano (8°), quase não é percebido.

No geral, é uma cerveja boa para quem já é "iniciado na arte" - e gosta de cervejas lupuladas ao estilo americano.

Sabor: 3
Aspectos Gerais: 3
Custo Benefício: 3

domingo, 29 de novembro de 2015

Fuller´s Past Masters 1914 Strong X

Em minha singela opinião, não há bebida que melhor reconforte um trabalhador depois de uma semana que poderia ser esquecida para sempre.

Imagino que no começo do século passado essas semanas eram muito mais comum do que hoje. Leis trabalhistas muito menos definidas, zero ou pouquíssima automação para ajudar no esforço físico, ganância e mercado em expansão fizeram a vida dos trabalhadores um inferno na terra. Sem falar na guerra mundial que assolava a Europa e causava muita dúvida no futuro.

Mas, no final do dia, a recompensa: Ale! E não há ninguém no mundo que entende melhor sobre saciar essa vontade do que a Britânica Fuller´s, que em 2014 lançou mais esse rótulo para o seu rico portfólio.

A receita usada para essa cerveja foi criada no dia em que a Primeira Guerra mundial foi declarada: 04 de Agosto de 2014. Segundo a empresa, todas as receitas que foram feitas naquela época foram minunciosamente descritas em um livro, e essa recebeu o nome de "X". Leva malte Pale Ale, xarope de açúcar invertido da cervejaria N.º 3 e xarope de açúcar escuro. Os lúpulos são Goldings (muito comum na Inglaterra) e o Fuggles.

No copo, tem uma cor fantástica, avermelhada e turva, com pouquíssima espuma (como manda a tradição britânica). No nariz, um fantástico aroma adocicado, do malte Pale Ale, pouco lupulado. Há um fundo frutado levemente cítrico, mas apenas para equilibrar o sabor.

Na boca, é tão doce quanto se espera de uma Strong Ale (mas é menos doce que Golden Pride) Britânica. Ela ainda mantem o equilíbrio. Há um contorno de ameixas e um leve fundo de laranjas no sabor (mas só se você prestar bem atenção).

No geral, como tudo que a Fuller´s faz, é excepcional. O que não foi tão bom foi o preço: R$ 43,00 (nossa economia não está ajudando). Um pint dessa cerveja lá custa 4 libras. Mesmo considerando a conversão, ainda teríamos um custo pelo menos metade do preço do que foi pago. Mas, você não vai achar nenhuma cerveja no Brasil que consiga se aproximar dessa experiência.

Sabor: 4
Aspectos Gerais: 4
Custo Benefício: No Brasil, 3. Na Inglaterra, 5.

sábado, 31 de outubro de 2015

Badger Golden Champion

Sou fã de carteirinha das cervejas da Badger. Apesar de serem muito criativos em suas receitas, equilibram a originalidade com a tradicionalidade britânica como poucos. Já postei vários rótulos deles aqui.

Hoje vou falar sobre um que não é vendido (pelo ainda) no Brasil: a Golden Champion.

Diferente da maioria das Ale, essa deve ser servida e bebida gelada. Na receita, é adicionado uma boa quantidade da flor Elderflower (a mesma que dá nome a outra excelente cerveja - Eldeweiss).

No copo, a cor é amarelo espuma. E como toda boa Ale britânica, quase nada de espuma. No nariz, o aroma floral é bem aberto e freco, de médio lúpulo.

Na boca, o sabor é levemente doce com o fina um pouco seco. O retrogosto é frutado, com algumas notas de especiarias.

No geral, é uma cerveja super equilibrada e tenho certeza que (fora a conversão de Libra para Real) ia fazer muito sucesso no verão brasileiro. Chega a ser mais leve e refrescante que os outros rótulos dessa cervejaria, como a Golden Glory e a Flyer.

Sabor: 3
Aspectos Gerais: 4
Custo Benefício: 4 (em Libras) | 2 (em Reais).

Birra de Parma Bronzo

No centro de Milão, cortando a cidade, há um rio artificial (que pode ser esvaziado quando se deseja limpar) que foi construído para facilitar a construção da monumental Duomo. Quem visita (e depois vai passar a mão no saco do Boi na galeria Vittorio Emanuele) entende o quão era grandioso esse centro do velho mundo.


A Itália nunca teve tradição cervejeira, mas ela tem todos os outros componentes de um país cervejeiro: história medieval, forte presença da igreja, boa (de verdade) comida... Talvez seja por isso que esse cenário tem começado a muda.

O post de hoje é sobre um fantástico rótulo (que não pode ser encontrado no Brasil) que tive a privilégio de experimentar quando estive lá: a Birra de Parma Bronzo.

Apesar de não se declara Ale ou Lager, a classificação mais próxima é que ela pertence a família das Strong Ale. O grande diferencial dessa cerveja é utilizar a mesma levedura que faz a fermentação dos vinhos Lambrusco (esses sim muito comuns no Brasil). Por isso, essa cerveja passa por uma segunda fermentação na garrafa.

Antes do copo, preciso fazer uma nota aqui sobre a garrafa. Ela é grande, quadrada e muito estilosa. Bem medieval mesmo... No copo, a cor é rubra (um amarelo com tons avermelhados). A espuma é de difícil formação e pouco persistente (não se deixe enganar pela foto acima).

No nariz, há um complexo aroma de frutas em compota, porém de um frescor delicado. Isso equilibra o aroma para que ele não fique enjoativo. O sabor é leve e pouco amargo. Há um fundo doce e frutado, decorrente dos maltes europeus que são utilizados. É fácil perceber notas de amexeiza, um pouco de café e um fundinho de azeitonas pretas. Apesar de levedura e da segunda fermentação, a carbonetação é pequena

No geral, é uma ótima experiência e mostra que a Itália está compensando a falta de tradição com criatividade e qualidade primorosa. Mas é cara: EUR 20,00 (ouch). Sorte que eu fui quando o dolar ainda estava 2 para 1.

Sabor: 4
Aspectos Gerais: 4
Custo Benefício: 3 (em Euro) | 1 (em Reais).

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Innis & Gunn Original

Ainda sobre as Scottish Beer, temos no Brasil também o rótulo Innis & Gunn. Esse rótulo é relativamente novo. Em 2002, Dougal Sharp, foi contratado por uma destilaria de Whisky, pois essa queria uma cerveja especialmente para temperar as barricas de carvalho que iriam posteriormente armazenar o whisky. A ideia era agregar o adocicado da cerveja ao destilado.
Um dia resolveram provar a cerveja estavam literalmente jogando fora e descobriram que era simplesmente deliciosa e diferente de tudo que seus criadores já haviam experimentado.
O período de produção da Innis & Gunn demora 77 dias (dos quais ela fica 30 dias dentro dos barris de carbalho), leva em sua composição 3 maltes (ale, cristal e trigo) mas é fermentada à baixa temperatura - o que a configura como uma Lager e não uma Ale.
No copo, ela tem uma coloração amarelo-vermelho escuro. A espuma é pouco densa e de difícil formação. No nariz, o aroma de malte e do carbalho é levemente doce (em comparação com a Tennent´s, não tem o hebal, e tem mais aroma de malte).
Na boca, ela é mais doce do que a Tennent´s, se parece mais com o Whisky. Quem não está acostumado com cervejas especiais, pode achar um pouco doce demais (para mim, está ótimo). Apesar da graduação alcoólica moderada (6,6%), não senti o sabor residual.
No geral, é uma cerveja excelente para um dia mais frio ou então para relaxar. Recomendo tomar não muito gelada (até à temperatura ambiente dá), pois assim fica mais fácil saborear as notas de carvalho e dos maltes. Quanto ao custo benefício, paguei R$ 18 no Armazém 29.

Para saber em quais bares ou restaurantes vocês encontram essa cerveja para beber, acessem:

http://boascervejas.com.br/beers/innis-gunn-original
Sabor: 4
Aspectos Gerais: 4

domingo, 16 de agosto de 2015

Tennent´s Aged With Whisky Oak

Acredito que quando um sentido nosso evolui, a evolução é plena e não específica. Por isso, quando comecei a treinar meus paladar, olfato e visão para apreciar cervejas com tudo que elas têm a oferecer, também comecei a gostar mais de vinho e principalmente de Whisky.

Sobre esse último, ainda tenho pouca experiência... mas posso dizer que tenho me surpreendido com as sensações de tomar um Jack Daniel´s (ok, é Bourbon, eu sei...) ou então Johnnie Walker depois de um dia cansativo.

Por isso, quando experimentei cerveja que é maturada em barril de carvalho, como Whisky, verei fã. Conhecidas por Scottish Beer, a ideia até que é simples: fazer a receita tradicional de cerveja (água, malte, lúpulo e levedura) mas deixá-la maturar em tonéis de carvalho.

O post de hoje é sobre o rótulo da Tennet´s, mas há várias outras sendo vendidas no Brasil (como a excepcional Innis & Gunn, a qual falarei em outro post).

Esse rótulo da cervejaria Tennent´s é feita com quatro tipos de lúpulo: Zeus, Summit, Tettnang e Aurora, três tipos de malte escoceses e água do lago Katrine. Após a adição da levedura, elas maturam em barris Speyside Single Malt Whisky até obter os sabores complexos o aroma.

No copo, ela tem uma cor amarelo claro com tons levemente avermelhados. A espuma é de difícil formação e pouco densa.

No nariz, há uma aroma fantástico herbal, verde, junto com o aroma característico do carvalho. Como há a adição de lúpulo, o aroma não é de Whisky - é uma mistura de dois mundos tão fantásticos quanto antigos. É complexo, com um fundinho de baunilha. Genial.

O sabor é levemente doce, com um fundo de whisky. Mas também o que acontece é uma mistura muito bem equilibrada e complexa. O drinkability é altíssimo pois: apesar da presença dos maltes escoceses, o sabor é fresco e a quantidade da álcool não deixa residual (6%).

No geral, é uma cerveja fantástica, aromática e equilibrada. O custo benefício é médio-alto: paguei R$18 no Armazém29, aqui em Rio Claro.

Sabor: 4
Aspectos Gerais: 4
Custo Benefício: 4